sexta-feira, 3 de agosto de 2007

JORNAL NACIONAL - A brava gente brasileira

Por Larissa Grau em 31/7/2007

Os meios de comunicação de massa constroem o nosso sentido de realidade. Não é incorreto afirmar que cada vez mais o que sabemos da sociedade e do mundo é mediado por eles. No Brasil, parte significativa da população não tem recursos financeiros para a compra regular – ou mesmo esporádica – de jornais e revistas e tampouco tem acesso à rede mundial de computadores. Para o acesso à informação sobra a TV e, conseqüentemente, o Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, um dos campeões de audiência da emissora, que é antes da novela e de graça. Por isso, é estratégico nesse processo de conhecimento do mundo e de como o Brasil percebe o próprio Brasil.

Para o Jornal Nacional, aparentemente o Brasil se divide em dois: Estado e povo. De um lado, a classe política e as instituições do Estado, que não são confiáveis. Um Congresso que rouba e trapaceia; um Judiciário que vende sentenças e favores à elite privilegiada; um Executivo que desvia verbas da saúde e da educação para os bolsos privados de pessoas ligadas ao poder – que transportam o dinheiro público em malas para todos os cantos de país e de paraísos fiscais.

Em contrapartida, e do outro lado da moeda, o povo brasileiro, que é tudo de bom. Essa entidade é responsável pelo Brasil Bonito. Devolve as malas de dinheiro encontradas em aeroportos, rodoviárias e na rua para os seus donos legítimos. Sorri ante toda a desventura. É uma gente hospitaleira, alegre e festiva. Trabalhadora, a despeito de todas as falcatruas e desonestidades de nossas autoridades, que vivem acima de todos nós e cujas ações são à revelia de nossa boa vontade.

Os donos do poder

O Brasil do Jornal Nacional é um misto de três correntes de interpretações sobre nosso país. É uma mistura dos pensamentos sociais de um Estado demiurgo da sociedade, do patriarcalismo e de uma sociedade realizada por meio da representação de alguns tipos ideais.

No primeiro caso, temos um Estado que é desconectado da sociedade e que dela independe. Esta parece um subproduto mal acabado daquele e que, ingênua, desorganizada e débil, fica à mercê de atitudes autoritárias. No segundo caso, é uma nação regida por interesses oriundos de laços de parentescos, apadrinhamentos e interesses pessoais. Uma interpretação que não esquece, também, a informalidade inocente de um povo multiétnico.

Essas duas primeiras teses complementam-se e servem-se reciprocamente, como afirmaria o sociólogo Otávio Ianni. Se o povo é inocente, então necessita de um Estado que o tutele e oriente e é aí que se justifica a representação de um Estado onisciente, ubíquo e oligárquico e que não precisa atender aos anseios de sua sociedade civil, a qual, por sua vez, se guia por sentimentos passionais e subjetivos.

E é nesse ponto que entra a terceira interpretação adotada pelo jornal mais assistido pelos brasileiros. Somos todos um, e não vários, e todos um pouco daquele "homem cordial" descrito por Sérgio Buarque de Hollanda. Temos a nossa cultura e ela é a melhor de todas. Nossa história de desenvolve por meio de símbolos, figuras, valores e ideais. Somos movidos por nossas emoções. Calorosos ao extremo. Amamos nossa terra e nosso sentimento é o do mais puro patriotismo.

Foi isso que demonstramos, por exemplo, na tela da Globo durante a cobertura do Pan 2007, onde torcemos como nunca se torceu nesse mundo. A festa foi a apoteose da alegria. É verdade que no meio disso tudo teve o acidente da TAM, mas a tragédia que tornou a nação mais triste no meio do turbilhão de alegria foi culpa daquela classe em que não devemos confiar e dos donos do poder. Assim como também é dessa classe a responsabilidade por todos os escândalos políticos que pululam em nossas casas por meio dos aparelhos de televisão e que nos enojam profundamente.

O povo brasileiro, que tanto orgulho tem de sua terra e de sua gente, não tem do que se envergonhar apesar de seus dirigentes, que merecem nossa vaia retumbante. Somos bons, apesar de tudo, da edição do Jornal Nacional.

É cruel nos representar assim. Para os milhões de brasileiros que têm o desenvolvimento de sua de uma capacidade crítica dificultado pela frágil estrutura educacional brasileira disponibilizada, ainda temos o ônus de sermos tratados como uma massa indistinta pelo principal telejornal da maior emissora de nosso país. Não somos desconectados de nossos representantes institucionais. Na maioria das vezes, os colocamos lá por meio de nosso voto. O Estado democrático é parte constituinte do povo.

Representações fragmentadas

A torcida alegre e vibrante do Jornal Nacional – e que foi "um espetáculo à parte" – é a mesma que vaiou os atletas estrangeiros e torceu para que falhassem em suas performances. Um de nossos maiores ídolos do esporte, de quase 50 anos de idade e contratado pela emissora em questão, foi aquele que gritou em um estádio para que garotinhas de 13, 14 anos caíssem de seus aparelhos de ginástica olímpica. Para a locução global e emocionada, tal vibração foi um exemplo de amor à pátria. Esse Brasil, só a Globo não revelou. Como não tem revelado que nossos dirigentes somos nós e, quem sabe, não seríamos corruptos se estivéssemos "lá".

Se alguns de nós conquistamos o pão de cada dia com o fruto de nosso suor, somos também uma nação de "espertos", dentro da representação dos tipos ideais. Apesar de sermos um espetáculo à parte, continuamos a corromper o guarda de trânsito que nos multa e a querer prisões melhores, ou mesmo o perdão, para os nossos filhos que fazem faculdade, mesmo que eles tenham espancado uma doméstica na rua. Arrastamos nossas crianças até a morte pelas ruas e tampouco nos incomodamos com a morte delas nos morros das cidades. Jogamos lixo nas ruas pela janela de nossos bons carros e o público, desconectado de nós por se originar do Estado, pode ser depredado. Se o Estado rouba, por que não eu? E somos também aqueles que acham bacana sonegar o Imposto de Renda, justificando que o Estado não nos dá nada em troca.

Enquanto acreditarmos que esse Brasil é dividido em dois, que os atos de nossas autoridades não contêm o nosso DNA, muito pouco poderemos efetivamente realizar. Nessa retro-alimentação de um estado de ignorância, o Jornal Nacional nos representa, quando lhe convém o fervor ufanista, como uma única e sólida entidade estereotipada.

Dessa forma, não são reduzidas somente as nossas múltiplas e fragmentadas representações, mas, junto com elas, as nossas possibilidades de uma ação cidadã que se realizam somente por meio de nosso Estado.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Carta da Assembléia Geral dos Estudantes do IB/Unicamp

À comunidade docente do Instituto de Biologia da Unicamp,

Em Assembléia legítima realizada ontem, dia 19 de junho de 2007, que contou com a participação de 214 estudantes de graduação de Ciências Biológicas, foi deliberada a suspensão da adesão à greve por parte da comunidade discente. No entanto, foi consenso na mesma Assembléia que ainda não houve avanços concretos no que diz respeito às reivindicações estudantis que impulsionaram o movimento discente no IB e, portanto, as discussões relativas à Autonomia das Universidades e à Qualidade do Ensino Público continuarão a ser pontos de pauta das próximas reuniões.

Lembrando que no “Segundo Manifesto dos Diretores de Unidades Acadêmicas da Unicamp” (divulgado pelo Conselho Universitário em 29 de maio de 2007) o Diretor do IB – Prof. Dr. Paulo Mazzafera – ratifica sua posição em defesa da autonomia das universidades públicas paulistas; lembrando ainda que em reunião com a comunidade discente do IB (realizada em 14 de junho de 2007) o Diretor deste Instituto assumiu o compromisso de envidar esforços para que os estudantes não fossem prejudicados em decorrência do processo de paralisação, dirigimo-nos à comunidade docente do IB para apresentar o posicionamento dos estudantes (definida na referida Assembléia) com relação à retomada das atividades educacionais.

Consideramos extremamente importante que os docentes abram espaços de diálogos com as turmas de graduação para considerar possibilidades de reposição de aulas, adiamento de provas e entrega de trabalhos, enfim, medidas que assegurem a qualidade das disciplinas oferecidas pelo Instituto de Biologia e que sejam coerentes com a defesa da Qualidade do Ensino Público, causa unificadora de todas as categorias durante os processos de discussão que surgiram desde os primeiros decretos do Governador. Este espaço de diálogo se faz necessário tendo em vista o curto espaço de tempo entre o fim da greve estudantil no Instituto e as datas de algumas provas/trabalhos, bem como a permanência da greve de funcionários das bibliotecas que contêm o acervo bibliográfico com os conteúdos trabalhados nas disciplinas do curso de Ciências Biológicas (Biblioteca Central e Biblioteca do IB).

Além de condizente com o posicionamento da Direção do IB, esta atitude por parte dos professores deve demonstrar sua ética profissional e coerência como educadores de uma instituição pública reconhecida nacional e internacionalmente por sua excelência em qualidade de ensino e pesquisa.


Assembléia Geral dos Estudantes do IB.
Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, 20 de junho de 2007.

terça-feira, 19 de junho de 2007

FLASH MOB - ALTERAÇÃO DE DATA

O ato Cinco Minutos pela Educação (Flash Mob) será na quinta-feira (21/06), às 12h.
Vamos nos encontrar no CAB, às 10h!

Idéia Geral:
A idéia que surgiu na Assembléia da Arquitetura de terça foi a criação de um FLASHMOB, que é uma mobilização relâmpago, de duração de 5 minutos, que consistiria no fechamento das 5 principais avenidas da cidade do seu campus. No caso dos estudantes da Unicamp, por exemplo, rola em Campinas. Serão feitas 5 faixas, uma pra cada avenida, com um frase em cada uma, explicitando nossa insatisfação com os Decretos.
Ao parar, uma galera sai panfletando nos carros um material simples e de fácil compreensão. A idéia é que a manifestação seja pacífica e silenciosa mesmo, e que tenha bastante presença da mídia, pra que fique bem claro que as três universidades estão, além de insatisfeitas, unidas!
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Divulgação:
A divulgação é para ser feita para todos os outros cursos, unidades, institutos, faculdades, grupos de pesquisa, estudo, grupos de auto-ajuda, reuniões, emails, boca-boca, cartazes, etc. QUANTO MAIS GENTE receber esse email e assinar a planilha, MAIS FORÇA o movimento adquire. TODOS estão convidados para participar.
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Anexos:
O email tem os seguinte anexos:
1) Panfleto a ser entregue: 2 em tamanho A5, numa folha A4 pra imprimir mais fácil.
2) Planilha para ser assinada (tem 5 pastas na planilha, uma pra cada local)
3) Mapa de onde ocorrerá o Flashmob em Campinas:
3.1) Moraes Salles (em frente ao Ventura Mall) - Eng. Elétrica e FEF se prontificaram a ir pra lá
3.2) Barão de Itapura com a Brasil (Habib's )- Enfermagem e Fono se prontificaram
3.3) Andrade Neves com Itapura (Semáforo Rodoviária) - IB, IG e IEL se prontificaram a ir pra lá
3.4) John Boyd Dunlop (em frente ao Unimart)- Arquitetura se prontificou
3.5) Senador Saraiva (Ultimo semáforo antes do Terminal Central)- Midialogia se prontificou
Ainda não está fechado se estes institutos/cursos vão realmente pra estes lugares, mas na planilha tem 5 pastas pra escolher o local. Então é só repassar, galera!! :)
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Resumo:
1) O que?
Paralização das 5 principais avenidas da sua cidade com faixas e panfletagem.
2) Quando?
Quinta, dia 21 de Junho de 2007, das 12:00 às 12:05.
3) Onde?
Nas 5 principais avenidas de Campinas. A localização está no mapa e descrita anteriormente. (Moraes Salles, Barao de Itapura, Andrade Neves, John Boyd, Senador Saraiva, descritas anteriormente)
4) Como?
Uma pessoa responsável, por curso, pra colher assinaturas de quem puder! Esse delegado é responsável por passar essa planilha, pequena, pra galera assinar! Super fácil. A divulgação rola por email pros outros institutos, unidades e faculdades. Quanto mais e mais rápido, melhor! O ato vai rolar com cartazes de craft, simples, suficientes pra fechar uma rua. Os cartazes já estão sendo confeccionados e serão levados para o ato prontos.
5) Por que?
Demonstrar nossa insatisfação com os decretos e a nossa união na construção do movimento estudantil.
Os cartazes e panfletos estão sendo confeccionados pela galera da Arquitetura, e serão levados na terça feira (19/06) de manhã para os centros academicos dos institutos. Quem mais puder imprimir os panfletos, faça, porque aí atingiremos mais pessoas.
É isso! Qualquer coisa, respondam para este mesmo email!
Vamos fazer rolar, galera.
Vamos sair às ruas! Quinta, dia 21, as 12:00!_______________________________________flashmob.05@gmail.comhttp://www.contraosdecretos.cjb.net/

segunda-feira, 18 de junho de 2007

DAC ocupada?! Pois é

Ainda não tive tempo de processar o monte de informação chegou na minha cabeça. Vejam a notícia no site da uol - uma parte é mentira, mas tá valendo - no link:

http://noticias.uol.com.br/educacao/ultnot/ult105u5474.jhtm

Mais detalhes depois...

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Assembléia 19 de junho

Assembléia Geral no IB-01 entre 17h30 e 18h.
Como sempre é importante a presença de todos!!!!

CINCO MINUTOS PELO ENSINO PÚBLICO SUPERIOR

Manifestação pública simultânea e pacífica realizada nas cinco principais avenidas de diversas cidades do Estado de São Paulo.

A Arquitetura - Unicamp está organizando o ato em Campinas. Os alunos dos diversos cursos, vestidos de branco, serão distribuídos entre cinco pontos da cidade, para parar o trânsito por 5 minutos, distribuir panfletos, conversar com as pessoas. A Bio ficará com o pessoal do IG (e talvez com o da FEF tbém) na Andrade Neves (esquina com Barão de Itapura).

Vamos nos encontar na quarta, às 10h, no CAB. Venham de branco, por favor.
Quem quiser participar, mande e-mail p/ biologiaemgreve@gmail.com, com nome, RG e contato ou assine a lista com Anderson (05N) ou Ana (03D).

Obs: essa manifestação não é somente dos/para cursos em greve!

QUARTA - FEIRA (20/06), 12h00: CINCO MINUTOS PELO ENSINO PÚBLICO

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Conversa com Docentes

Hoje (14/06), às 18h00, no IB-1, conversa com os docentes sobre os decretos, greve, ensino...
Participe!

quarta-feira, 13 de junho de 2007

O Que Rolou na Assembléa Ontem?

A Biologia continua em greve pela revogação dos decretos do Serra.
131 alunos se manifestaram num espaço DEMOCRÁTICO e LEGÍTIMO.
Optamos por não fazer piquetes em respeito à democracia, apesar da mesma ser violada por aqueles que a ignoram assistindo às aulas.

PRÓXIMA ASSEMBLÉIA:
- TERÇA-FEIRA (19/06), ÀS 18H00, NO IB-1.

Participe da Parada Cultural!